Para que as florestas sobrevivam, é preciso plantar gente. Vivemos numa cultura descorporificada, onde somos removidos do nosso lugar de força para darmos vida ao que não existe.
Vivemos em uma cultura pobre de espírito, de corpos escravos, coração assombrado e mentes adoecidas.
É preciso urgentemente ter os pés no chão, enraizar cabeças, dar sossego ao coração. É preciso parar, recolher o olhar no escuro e descansar.
Enquanto formos cativos de ideias, permaneceremos na servidão, sustentando ideologias, projetando significados, impondo funções e utilidades para tudo o que avistarmos. Não deixaremos nada em paz! Nada será respeitado. Tudo será constantemente tomado para se tornar produto de especulação.
Basta! Plantemo-nos sem espera. Voltemos ao nosso lugar de poder.
Ao corpo presente eu me rendo, reconhecendo sua autoridade. Recebo dele orientação, contemplando o que a vida realiza, sem ser eu a autora de nada. Vejo claramente o que me dá força para existir, inspiração para ser.
Repouso neste corpo que respira, e o deixo à vontade, ficando eu à vontade também. Descolonizado, o coração relaxa e se abre. Tudo vai sendo curado. A vida volta a fluir livre, livre do que eu pensava!
Sem pensar, estou presente… como as árvores, montanhas, rios, flores, pedras, baleias, gatos, araras e borboletas. Tenho o Sol nos meus olhos.
Sem imaginar, eu vivo! Vejo o que não via porque pensava. Agora que acompanho o que está presente, sei que sou parte, participo de uma rede mágica, que tudo une, nutre e conduz.
Enfim descanso. Não preciso de nada. Estou plantada, brotando do coração da vida, crescendo forte, florescendo.
Sou rica porque convivo com todos os seres viventes. Compomos juntos uma preciosa Mandala! A minha existência é bem vinda e embeleza o campo das manifestações. A sua existência é bem vinda e encanta, sou agraciada por tudo o que vejo. Meu olhar está acompanhado de um corpo que tem vida. Meus olhos só veem vida!
Ah! Quanto tempo mais precisamos para reconhecer que a vida é um campo de bênçãos, bálsamos, flores e néctar? Quanto tempo mais precisamos para abrir nossos corações e receber as dádivas?
Enquanto não enxergarmos isso, caminharemos desolados e em desespero, manipulando, explorando, consumindo, destruindo tudo… nos destruindo.
É preciso plantar gente. O óbvio precisa dos pés no chão!